Contei-te que já sei usar o microfone?

Não, provavelmente achei que não valia a pena. A minha voz ouvir-se-ia mal.
Metamorfoseaste-te num dos muitos silêncios que transformo em garatujas nas folhas rasgadas de um caderno de infância...
Anoto com rigor as lembranças nas linhas azuis mal impressas dessas folhas antigas. Transformo-te sempre em palavras. A única forma que afinal sempre tiveste... Palavras, apenas palavras, já que nunca poderei trazer-te para o real.
Guardo um pequeno espaço para colocar
a tua fotografia. Nunca o farei. Residirá apenas na minha lembrança a sensação que me trouxe o teu sorriso...
Depois o tempo torná-la-á desmaiada, matá-la-á, e ter-te-ei somente nas linhas que escrevo, nas pontas dos dedos, nas teclas que escolho - teclas modernas que substituem o som tranquilo do lápis. Para que saibam que tu e eu existimos.
Ficaremos no éter. E tudo farei para que esse amor não se torne inútil...

Devo-te a capacidade de escrever mais que dez linhas sem medo de mim própria.

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